Abstract (in original language)
Herberto Helder morreu. Helder é um dos poetas portugueses mais consistentes e inovadores da segunda metade do século vinte. Ainda que a sua obra mais recente tenha sido marcada por um trabalho de reformulação da linguagem que podemos considerar como um experimentalismo tradicionalista, cuja poiesis se empenha e se alicerça num vocabulário idiossincrático, não podemos esquecer a trajectória ecléctica de Helder. Tendo sido influenciado, entre outros, pelo surrealismo e pelo experimentalismo vanguardista internacional, Herberto Helder foi, primeiro com António Aragão (1964), e depois com Aragão e E. M. de Melo e Castro (1966), editor de dois importantes cadernos antológicos, Poesia Experimental 1e Poesia Experimental 2. Os cadernos desencadearam a maior parte dos principais caminhos do experimentalismo literário e artístico dos anos 1960, a partir dos quais o movimento da PO.EX (POesia.EXperimental) emergiu. Diversos géneros, incluindo novas estruturas e temas, foram originalmente testados nos dois cadernos antológicos e no restante trabalho do movimento, como é o caso da poesia concreta e visual, “poesia fílmica”, poesia sonora, “poesia-objecto”, “acção poética” e happening.
(Fonte: Introdução do Autor)