andre vallias

By Luciana Gattass, 29 November, 2012
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Abstract (in English)

Talvez seja a poiésis, a raiz primordial da poesia, precisamente, seu mais futuro horizonte. O lado mais promissor na sua inveterada crise com a palavra, que não com o sentido do indizível, já que este é seu moto-perpétuo: inventar sempre uma linguagem para aquilo que não tem (poesia ñ importa o q), ou melhor, criar uma semântica que amplia a linguagem. Sabedor disso, André Vallias prática, há mais de uma década, um grau de exploração poética que se estende mais do que pela multiplicação de campos e gêneros, pela sua estreita interface, pela sua contaminação in crescendo. De tal forma, que toda a sua produção visual – um amplo leque onde haveria que inscrever sites ou trabalhos de encomenda – apresenta uma configuração de vasos comunicantes, tão plurais e multi-direcionais quanto intertextualizadores, onde os códigos de todo tipo (verbais, sonoros, numéricos, espaciais, etc.) se abismam em sua atração comum de poiésis. De abissalidade virtual e conceitual de outra materialidade (softwares, programas, produção computacional), numa progressiva digitalização de informações audiovisuais que fazem parte da nova “ecologia do sensível” (Paul Virilo).

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Daí que o nome de diagramas abertos utilizado por Vallias atenda às ramificações, sirva para aproximar a sua leitura gráfica expandida. E seja sintomático que agora possamos nos aproximar da superfície do texto abrindo cada vez mais seus limites (essa herança mallarmaica), seja primeiro em páginas bidimensionais de poemas visuais que trabalham seu próprio curto-circuito sintático, seja no âmbito da tela eletrônica, aquela que equaciona os acentos/nuances de forma verbovocovisual, e que se situa, em suma, nos interstícios, possibilitando uma nova materialidade poética (vejam-se os gráficos/tradução vocálicas, consonantais, e as diversas modulações construtivas desta nova língua franca). Uma redimensionada computação gráfica, onde a inscrição na tela já é heraclitiana, pois muda, se transforma em página expandida / 3D, cujo contínuo não deixa de ampliar seus signos constelativamente. Aliás, inscrições sígnicas com marcada vocação originária, de escrita que se deve descobrir, fazer-se inaugural, como outrora foram os primeiros gestos geométricos escriturais no neolítico.

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Description (in English)

The poem “IO” (1995) was my first experiment with interactivity; in essence it is constructed and animated with Strata StudioPro software and integrated with Macromedia Director. The reader sets the poem off by making the spherical object move at choice in one of four directions – up, down, left, right. At a given moment a transformation takes place: there the object’s texture changes, from opaque to transparent, to show the cylindrical penetration within the sphere. This is accompanied by a sound background: the vocalization of “o” and “i”, inference to the opaque and transparent worlds respectively, and the vocalization of the diphthongs “io” and “oi” at the change from one texture to another. At certain moments, chosen at random by the program, quotations and commentaries appear in relationship to the various meanings of the word “IO” – Italian for “I”, the sign for Input/Output, numerals “1” and “0” – and excerpts from Hölderlin’s translation of Sophocles’ “Antigone”, in which “io” appears as a phonetic transposition of an ancient Greek interjection indicating pain and lamentation. (author description)

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