Imersão e Interactividade na Ficção Digital

By Daniela Côrtes…, 20 September, 2016
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Abstract (in English)

This doctoral thesis is dedicated to a form of storytelling which was added to the literary horizon
almost three decades ago. Digital fiction began by defining itself against the printed book. The
transgression of linearity, a feature which is often related to print or, more precisely, to the novel, and the attempts to reduce authorial presence in the text, were soon turned into defining
characteristics of this literary form. These works were first described as fragmented objects
comprised of “text chunks” interconnected by hyperlinks, which offered the reader freedom of
choice and a participative role in the construction of the text. This text was read by selecting several links and by assembling its lexias. However, the expansion of the World Wide Web and the emergence of new software and new devices, suggested new reading and writing experiences. Technology offered new ways to tell a story, and with it, additional paradigms. Hyperlinks were replaced with new navigation tools and lexias gave way to new kinds of textual organization. The computer became a multimedia environment where several forms of representation could thrive and prosper. As digital fiction became multimodal, words began to share the screen with image, video, music or icons. Sound was also included as part of digital fiction.
In electronic literature, the emergence of new software is often followed by the creation of new
types of texts. Virtual reality or augmented reality are presently being used to produce new textual responses. These demand an analysis of the relation between interactivity and immersion. While interactivity is often described as a set of physical activities that can interfere with attention, immersion is frequently seen as an uncritical and passive response to the text. Interactivity was used to offer freedom of choice to the reader and to give the
reader the opportunity of co-authoring the text. Immersion was, by contrast, considered as the
result of a reading experience constrained by authorial intention. In so doing, interactivity was
mostly viewed as an antidote of reader’s immersion in the text. However, in this thesis, I will focus on a cooperation rather than a conflict between both. By describing electronic literature as part of a long self-generating process known as literature, I will demonstrate that immersion and interactivity cannot survive separately. In fact, they represent intrinsic characteristics which can be identified in any kind of literary text. In order to better understand the relation between immersion and interactivity, the alleged transparency of the medium and its apparent immateriality will be discussed in this thesis. The hybridity and interactivity of digital fiction will be considered as aesthetic features that must be covered by literary analysis. This thesis aims to address the relationship between immersion and interactivity by taking into account the text’s multimodality and transiency, as well as the ergodic and cognitive work done by the reader.

Description in original language
Abstract (in original language)

A presente tese de doutoramento é dedicada a uma forma de contar histórias com cerca de três décadas de existência. Recém-chegada ao horizonte literário, a ficção digital começou por definir-se através de uma contraposição face ao livro impresso. A transgressão da linearidade e a tentativa de reduzir a presença autoral no texto, foram tornadas em características fundamentais desta forma literária. As primeiras obras de ficção digital eram descritas como objectos fragmentados que continham lexias interligadas através de hiperligações. Esta estrutura tinha como objectivo oferecer liberdade de escolha ao leitor e uma maior participação na construção do texto. No entanto, a expansão da World Wide Web e a emergência de novo software e de novos dispositivos permitiram a criação de experiências adicionais de leitura e de escrita. A tecnologia possibilitava a introdução de novas formas de contar histórias, mas também novos paradigmas. A hiperligação acabaria por ser substituída por novas ferramentas de navegação e a divisão em lexias acabaria por dar lugar a novos tipos de organização textual. Por seu turno, o computador apresentava-se como um instrumento multimédia e como um território onde diferentes formas de representação poderiam prosperar. A ficção digital acabaria por adquirir uma componente multimodal, pelo que a palavra viria a dividir o ecrã com a imagem, vídeo ou ícones. O som acabaria por fazer igualmente parte da ficção digital. A ficção digital é aqui tratada como parte de um processo de auto-geração e introspecção catalisado pela literatura. Os textos ergódicos são considerados como parte desse processo. Sendo assim, eles surgem em resposta às expectativas criadas pela literatura. Na literatura electrónica, a emergência de novo software e novos dispositivos é normalmente acompanhada pela criação de novos tipos de texto. A realidade virtual, a realidade aumentada e dispositivos de localização permite proporcionam hoje novas respostas textuais. O movimento corporal é usado como o catalisador dessas respostas textuais, pelo que o leitor é visto como o criador de uma narrativa escrita em tempo-real. Isto significa que a tentativa de oferecer ao leitor um papel participativo continua a ser acalentada pela literatura electrónica. Enquanto a interactividade é frequentemente descrita como um conjunto de actividades físicas que comprometem a atenção do leitor, a imersão está ligada a uma resposta acrítica e passiva por parte deste. Ao passo que a interactividade era usada para proporcionar ao leitor uma maior liberdade de escolha e para oferecer a este a possibilidade de co-criar o texto, a imersão era vista como o resultado de uma experiência de leitura constrangida pela intenção autoral. Assim descrita, a interactividade seria o antídoto da imersão do leitor no texto. Porém, a interactividade será aqui associada a um conjunto de acções físicas e cognitivas levadas a cabo pelo leitor. Já a imersão será vista como resultado e origem dessas acções. Nesta tese, o conflito entre imersão e interactividade dará lugar a uma cooperação. A análise da relação entre ambas terá em conta a multimodalidade e transiência do texto, bem como o trabalho ergódico e cognitivo levado a cabo pelo leitor.